Biomarlene – O laudo diário de uma esquizofrênica
Biologia, bioeletricidade, bio – Isso, bio – Aquilo. A vida em suas variadas formas.
Marlene é ´´minha`` paciente. Se existe o quadro no Fantástico; Repórter Por Um Dia, por que não, psiquiatra por um dia?
Enfim, tenho sido sua observadora, quase que a estudando. Atenta a cada
hábito novo, ou estranho. Sua persistência em organizar os objetos da
mesa ao lado. Quando beija o dorso de cada um dos dedos da mão (No que
estará pensando?). Mas, os repetitivos são os
que mais me chamam a atenção. Sua obsessão em lavar as mãos. O abrir e
fechar do zip da mala. E sua reverencia diante da porta.
Mesmo com tudo isso, hoje numa conversa, pude constatar algo do que ela não sofre.
_ Marlene, se você pudesse fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, o
que você queria? – Perguntei com grande expectativa. Parecida com
aquela expectativa de uma criança ao abrir o Kinder Ovo.
– Sucintamente me respondeu – Um gole de água.
Ouvindo essa inesperada resposta, engoli minha saliva juntamente com
minha auto vergonha. E permiti que aquelas doze letras me esbofeteasse.
Embora ela seja uma pessoa com sua lucidez limitada, havia sabedoria no
que ela disse.
É estranho, mas aprendi algumas coisas com essa experiência. Ao juntar
as sementes de uma mexerica nas mãos, e me preparar para jogar no lixo.
Marlene se levantou as pressas de seu leito e me censurou, dizendo: _
Não se joga sementes no lixo. Sementes se planta.
– E me fez juntar com as suas outras sementes num copo. Bio-copos, um
novo jeito de viver a vida.
Talvez, a sua condição deve ter secado o poço de suas vontades. Ou
talvez, foi a falta de vontades que a fragilizou. Mas também, havia uma
nobre alternativa; a de autossuficiência.
´´Um gole de água`` – repeti para mim mesma – Pode parecer não fazer
sentido. Você pode ter qualquer coisa, e deseja um gole de água? Tudo
bem que o problema nos reservatórios de água é preocupante. Mas o mundo
ainda não entrou em guerra por nascentes. Bem
diante dela havia uma garrafa com água fresca. Eis me aqui, beba-me!
Encaro as palavras como a um jogo de Tetris. Quer em forma de poemas,
letras de música, textos bíblicos ou um conselho amigo. Onde a mente
como os botões do controle, muda a forma que melhor se encaixa em nosso
coração. A conclusão pode ser volúvel como a
água. E prefiro encarar aquele ´um gole de água`, num entendimento
poeticamente sábio: O essencial é dádiva gratuita que desce dos céus.
Como agora, com a chuva lá fora.
Marlene e suas filhas não sabem, mas naquela noite fui dormir com mais
uma vontade da altura de uma estrela. Ver a cura mental de todos os
fragilizados.
O ritmo a música é péssimo. Me concentrei na letra:
O que sou não sei o que sei é pouco
sou morador de um planeta onde só existem loucos cada um com suas loucuras cada um com suas fissuras tem o louco doente, tem o louco que cura tem o louco que nem eu que tenta entender a vida tem o louco matador tem o louco suicida sou louco mas pouco vingativo talvez seis loucos não pensam a mesma coisa de uma vez o mais loucos de todos conseguiu voar cadê o louco que inventou a bomba nuclear? devagar posso chegar em algum lugar se correr posso cansar e nunca chegar lá todos sonham com o futuro mas teme a velhice querem enganar o tempo eu sei que é tolice todo dia é o mesmo dia só muda a data a realidade dói como o corte de uma faca tapar o sol com a peneira é atitude de covarde você fecha os olhos quando abre é tarde quero entender o ser humano é meio complicado to indo pro futuro eu vim do passado passei pelo presente foi coisa de segundos é meio complicado querer entender o mundo
Na loucura da droga perdi os sonhos da vida
na noite dos loucos perdi minha família estou dormindo no chão comendo igual um porco por causa desta vida deste mundo louco um certo dia um homem disse vou te curar disse que o álcool e as drogas eu ia largar me deu um livro cabuloso com letras douradas mas a loucura não me deixava enxergar nada eu comecei a gritar, louco, muito louco as pessoas diziam com medo, lá vai o louco tem doença que sara tem doença que cura mas quem vai curar a minha loucura estou tremendo com medo meus olhos choram será que esta loucura nunca vai embora queria ter futuro uma vida de glória mas a loucura levou a minha infância e minha história
Sou louco mais pouco, pouco pensa o louco
mas pensar em quem, se todo pensar é torto é torto pensamento que o louco tem inofensivo é o louco que não faz mau a ninguém numa camisa de força o louco foi preso será que é o louco é quem prendeu ou louco é quem tá preso dizem que o louco pensa, mas pensar em quem se o pensamento do louco é vazio também mas quem será o louco? o louco o psiquiatra que interroga o louco que não pensa o que fala, que não pensa o que fala.
*** Pacificadores - Louco***
...Andressa Kárita...
|
||||||
...Sweet Enfance...
´´...Todos nós somos de um lugar, como de uma infância, mas para se ser de um lugar e de uma infância, é preciso escrevê-la...``_(AvóDezanove e o Segredo do Soviético)
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Biomarlene - O Laudo Diário de uma Esquizofrênica
terça-feira, 13 de março de 2012
Um Jeito Fenício de Ser
A Fenícia era expremida pelo mar e pelas montanhas.
Mas isso não impediu o seu desenvolvimento.
Que por causa disso, assumiu uma forma vertical.
A região litorânea se tornou pequena para um povo fértil em idéias.
A necessidade de explorar e se expandir fez com que eles usassem os cedros das montanhas e construissem barcos, lá do outro lado.
Isso me deu o que pensar, quando usando de metáforas, faço a Fenícia representar o centro das minhas motivações.
Curioso, não?
Mas isso não impediu o seu desenvolvimento.
Que por causa disso, assumiu uma forma vertical.
A região litorânea se tornou pequena para um povo fértil em idéias.
A necessidade de explorar e se expandir fez com que eles usassem os cedros das montanhas e construissem barcos, lá do outro lado.
Isso me deu o que pensar, quando usando de metáforas, faço a Fenícia representar o centro das minhas motivações.
Curioso, não?
domingo, 16 de outubro de 2011
Uma exceção pro rock
Os roqueiros que me perdoem, mas não gosto muito de rock.
Mas, preciso abrir uma exceção para Brind By Boring Brind.
Letra legal. Vibe massa. Video maneiro. E cantora da hora meu!!!
Me deu vontade até de faxinar a casa.
´´Para pa para pa para!!!``
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Carta de Ana Paula Tavares para Ondjaki
´´A tua carta arde-me lentamente na mãos e a queimadura é doce, como
quando lembramos um tempo antigo sem raiva e um sorriso doce
inicia o riso da nossa alma.
Todos nós somos de um lugar, como de uma infância, mas para se ser de um lugar
e de uma infância, é preciso escrevê-la...
As crianças no seu infinito´´faz de conta``, recusam o sonho partido ao meio
a meia água os lugares sombrios da vida.São mais água e não precisam perpetuar
o tempo em mausoléus, ou piramedes...Crescem pelos cantos e choram a mudança.
Gostam do sonho mesmo que este lhe rebente as mãos.
Por isso,meu caro...fizeste bem em convocar as vozes do antigamente que era
ainda ontem.Há adultos que se esquecem de crescer e andam sempre a misturar sonhos
com sal grosso para ver se explodem.As vozes são o que nos resta para ajudar a suportar
as cicatrizes que suportamos por dentro.Matéria inflável,´´Já se vê``.``_Ana Paula Tavares - (AvóDezanove e o segredo do soviético/Pág. 185,186)
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Leandro Léo - O João de Castelo Rá-Tim-Bum
Ouvindo algumas músicas do Leandro Léo fiquei tão encantada com o timbre de voz,melodia e com a letra da canção (João de Barro) que não percebí que o meu apreço pelo seu trabalho não vem de hoje.
Pois, pesquisando sobre sua vida a impressão de que eu já o conhecia, se revelou como sendo verdade, quando lí que um de seus trabalhos foi na série Castelo-Rá-Tim-Bum,como o João.
Como eu podería me esquecer?
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
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