sábado, 30 de julho de 2011

Quando O Cão Mía





Mesmo com a janela do meu quarto virada para a rua, o fato de minha casa ser localizada ao lado de uma pequena mata, me faz gozar do privilégio de ter o canto dos pássaros como despertador. Tento distinguir pelo canto, quem são os meus cantores despretensiosos, que o fazem com tanto esmero.
Um dia irei recepcioná-los e cantar juntamente. Pois antes mesmo de me levantar da cama, já me servem um chá calmante.

Só que naquela manhã de 29 de Julho, quando as luzes ainda fracas se atreviam a passar por entre as brechas de minha janela, antes mesmos dos próprios passarinhos aquecerem as suas asas, fui acordada por um som peculiar. Parecía a de um gato ainda bebê, oscilava entre um miado e um gemido, como se gritasse por socorro.
Movida por um senso condoído de compaixão, me desprendi dos braços e laços de minha cama, e me pus a levantar para prestar um possível socorro.

Quando de repente vejo o cãozinho recém nascido da minha cadela. O curioso é que ele não latia, nem rosnava, mas miava, que nem gato. Podería ser que estivesse aprendendo a emitir sons, se eu já não o tivesse ouvido latir. E com muito vigor.
Tomei pelas mãos aquela coisinha mais fofa e indefesa, quando através do contato com as suas patas extremamente frias, me fez ver o motivo por tanto pranto. Compadecíamos de um sofrimento em comum.
Justamente, ele: O frio.

Normalmente não faço isso, mas o levei para cama comigo. Deitei ele sobre o meu braço esquerdo o envolvendo com o direito. A sua respiração ofegante foi se acalmando, ao mesmo tempo que suas patas se aqueciam. Foi quando os passarinhos se puseram a cantar. O que era um canto de despertar, se tornou um de ninar. E ele adormeceu.

Pode parecer uma cena corriqueira do dia a dia.Mas não para quem está atendo aos detalhes da vida.São esses detalhes que nos fazem viver com intensidade.
A lição que fica é: Não importa a situação em que nos encontramos. É preciso sempre ter fé. Mais cedo ou mais tarde, ela trás a benção como recompensa por nossa perseverança. E para isso, precisamos fazer a nossa parte. Emitir sons, por assim dizer.

Mesmo com suas três semanas de vida, não resta dúvidas que foi e será o mais próximo do paraíso que aquele cãozinho sentirá.
Exatamente naquele dia em que ele, um cão, miou.

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